Por que tem tantas usinas solares de GD paradas no Brasil?

Por que tem tantas usinas solares de GD paradas no Brasil?

Em uma das análises que estou fazendo do mercado de geração distribuída, um dado me chamou a atenção – Temos mais de 1GW de energia solar instalados sem conexão com a rede da distribuidora, isso é um número gigante, praticamente 1/3 do que temos conectados está literalmente parado.

Esse número revela o quanto o mercado ainda precisa amadurecer no sentido de profissionalização, mas também, o quanto as constantes mudanças das normas de conexão das distribuidoras vêm afetando a energia solar distribuída.

Para embasar essa tese, cruzei os volumes de importação de equipamentos para o mercado de GD com as efetivas conexões da ANEEL, nesse cenário o número de 1GW encontrado, revela esse cenário assustador e mostra o por que temos de lutar para uma lei da geração distribuída, penalidades para os não cumprimentos de prazos, mas também regras para as mudanças nas normas de acesso a rede da distribuidora.

Abaixo elenco os principais motivos para que esse número cresça e tenhamos um cenário perigoso para o mercado, já que usinas paradas não geram economia, pelo contrário geram prejuízos aos investidores e as empresas de energia solar:

  • A RES.878 da ANEEL que classificou a Geração Distribuída como serviço não essencial durante o auge da pandemia – nesse caso ocorreram muitos atrasos por parte das distribuidoras, mesmo no término desse prazo, a demanda acumulada colocou em pane várias distribuidoras, que estão tendo dificuldades até hoje para regularizar o atendimento da demanda da GD;
  • Mudanças nos critérios das distribuidoras – Essa é uma das principais ameaças do setor no momento, as normativas das distribuidoras estão sofrendo constantes ajustes e trazendo muitas novas regras que impactam tanto tecnicamente como economicamente os projetos, fazendo que muitos desses fiquem estagnados para resolução de adaptação de projetos e custos;
  • Obras na via pública – Os critérios para definição se há necessidade de obras na via pública ou não é uma análise da distribuidora, uma caixa preta, com exceção de MG. Nesse caso, muitos projetos submetidos com alteração de carga estão necessitando obras na via pública. O tamanho da obra pode influenciar significativamente nos prazos e no custo do projeto, portanto, gera uma grande lacuna de conexão vs instalação;
  • Negligência da ANEEL para tratar os atrasos e equívocos de análise das distribuidoras – Seguidamente recorremos a ANEEL para retratar problemas de atrasos e também não conformidades de avaliação das concessionárias de energia. Dentro desse contexto os retornos da Agência são meramente protocolares e sempre dando a razão para as distribuidoras;

Nesse contexto, os projetos sem conexão se acumulam e potencializa a formação de uma bolha que pode comprometer o futuro do mercado de geração Distribuída. E o que podemos fazer para diminuir esses problemas?

  • Alinhamento técnico do time de engenharia da empresa Integradora com as normas das distribuidoras;
  • Treinamento e capacitação do time de engenharia e comercial da empresa integradora;
  • Alinhamento comercial com os clientes sobre os verdadeiros prazos de execução conforme o processo e exigência das distribuidoras;
  • Cronogramas de execução de obras e desembolso financeiro relacionado com processo dentro da concessionária de energia elétrica;

O mercado de GD cresce em velocidade exponencial, portanto, as adaptações devem ser rápidas e corretas para que o crescimento seja realizado de maneira sustentável. Eventual crescimento de projetos sem conexão traz inúmeros prejuízos aos investidores e as empresas integradoras, com isso, trabalharmos de maneira proativa pode minimizar os impactos dessa ameaça que ronda o mercado e acaba prejudicando a consolidação da energia solar no Brasil.

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