Como os certificados de energia renovável podem se tornar uma tendência?

A sustentabilidade se tornou primordial para as empresas, sendo um dos motivos de escolha de produtos e serviços de boa parte dos consumidores em todo o mundo. Diante dessa necessidade, a demanda por certificados de energia renovável, mais conhecidos pelo termo REC (Renewable Energy Certificate), segue essa tendência de crescimento, inclusive, no Brasil.

O movimento de alteração na matriz energética mundial vem se fortalecendo há décadas. Conforme as mudanças climáticas vão ficando mais notórias, as pessoas começam a ficar mais atentas às marcas que estão realmente colocando em prática iniciativas de conservação do meio ambiente.

Além da produção e consumo de energia renovável, é preciso criar meios de se comprovar a origem e a aplicação dessa energia. Confira, a seguir, como os certificados de energia renovável vêm crescendo e impactando o mercado!

Como é produzida e distribuída a energia no Brasil

A matriz energética no Brasil está se diversificando cada vez mais. A maior dependência ainda é das hidrelétricas, mas por precisar de extensas áreas e muito capital para ser implantadas, estão sendo gradativamente preteridas. Assim, dão lugar a outras energias renováveis, como a eólica e a solar.

Toda energia produzida, inclusive, as de origem limpa, como a solar e a eólica, é enviada a subestações. A partir delas, entram na rede de transmissão de alta voltagem para, depois, ser recebidas em outra subestação, onde a voltagem é diminuída para ser distribuída aos consumidores finais. Esse sistema é chamado de SIN (Sistema Interligado Nacional).

Quando uma usina solar produz a energia, por exemplo, ela é injetada no SIN, e a quantidade é contabilizada para posterior utilização na emissão de certificados. Isso possibilita o rastreamento de cada megawatt de energia renovável que, posteriormente, poderá ser registrado em um certificado para comercialização.

Criação do I-REC (International REC Standard)

Saber a proveniência da energia limpa que está sendo consumida é fundamental para se medir os impactos reais da diminuição da emissão de gases de efeito estufa. Para se comprovar esse aspecto, foram criados os REC (Renewable Energy Certificate), ou Certificados de Energia Renovável.

Como exemplo de iniciativa, temos o I-REC (International REC Standard), uma plataforma que tem como objetivo possibilitar a comercialização de certificados de energia renovável. É uma organização sem fins lucrativos que provê padrões para verificação de sistemas relacionados à produção de energia renovável, sendo reconhecida internacionalmente.

A partir do I-REC, é possível para uma empresa gerar um certificado em que comprova a utilização de energia renovável e sua quantidade em megawatts por hora, que equivale a um REC. Esse valor é disponibilizado em relatório do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), em que é especificado o quanto de energia produzida por fontes renováveis é injetada no grid do SIN, que concentra e distribui toda a energia produzida no país.

A empresa produtora de energia limpa que deseja emitir esses certificados precisa, também, estar certificada dentro da plataforma, apresentando a documentação solicitada e passando pela fase de auditoria. Essa certificação no Brasil é feita pelo Instituto Totum.

As empresas que emitem o certificado I-REC podem vender esses documentos, obtendo receita que acaba por incentivar a continuidade dessa produção. Quem adquire esses certificados mostra ao mercado que parte da origem da eletricidade consumida em seus estabelecimentos é renovável e contribui para a diminuição dos GEE (gases de efeito estufa).

Números do I-REC no Brasil e no mundo

Segundo o Instituto Totum, desde 2019, o Brasil é líder em I-REC no mundo, ficando à frente até da China e da Índia. Em 2020, o número de certificações era de 266, contra 152 em 2020, confirmando uma tendência de forte alta a cada ano. Em 2015, eram apenas quatro usinas certificadas.

Outro dado que chama bastante a atenção é em relação às fontes de energia certificadas no I-REC no Brasil. Mais da metade das usinas são de energia eólica, mas a energia solar também se destaca, com cerca de 20% desse número. O dado comprova seu crescimento e o comprometimento desse setor com a qualidade do serviço prestado.

No mundo, a energia solar é a que mais tem usinas certificadas pelo padrão I-REC, representando, em 2021, 40% do total de usinas de energias limpas instaladas. Isso mostra uma forte tendência de aproveitamento dessa fonte, que é a maior disponível, entre todas as alternativas de energia renovável.

Certificados de energia renovável vieram pra ficar

Mais que uma tendência, os certificados de energia renovável tendem a se consolidar. De um lado, temos os produtores, que precisam dessa receita extra, que vem da venda dos certificados, para poder se manter e realizar novos investimentos, ampliando a matriz limpa.

De outro, temos as empresas, que precisam de um selo de qualidade em sustentabilidade. Assim, passam ao mercado a certeza de realmente fazer, na prática, o que apregoam em suas campanhas publicitárias.

Temos um mecanismo em que todos os participantes saem ganhando, desde a produção, passando pela concorrência entre produtos e serviços sustentáveis e chegando o consumidor final. Acima disso tudo, temos o futuro do planeta e das próximas gerações, que ficam com perspectivas mais otimistas.

Sabemos que a matriz energética mundial terá que ser alterada drasticamente nas próximas décadas, já que a degradação do meio ambiente tem causado cada vez mais alterações no clima. A utilização de combustíveis fósseis já não terá mais cabimento diante das tragédias ambientais sucessivas.

Diversas iniciativas estão em desenvolvimento para a diminuição da utilização dos combustíveis fósseis. Uma a se destacar é na área de mobilidade, com veículos elétricos sendo lançados no mercado e ganhando cada vez mais espaço.

A utilização das energias renováveis já está se tornando uma alternativa robusta, com iniciativas governamentais e privadas que darão sustentação a ela em um futuro próximo. Nessa esteira, vem a necessidade de certificados de energia renovável, que comprovam ao mercado a adoção de fontes limpas na geração de energia.

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