Recentemente tivemos a divulgação do Atlas Solar da Bahia, um trabalho realizado em parceria entre secretarias estaduais da Bahia, que avalia o potencial de inserção da geração fotovoltaica no estado. Por isso, preparamos um post, para apresentar um compilado de dados extraídos desse trabalho, que traz um excelente panorama sobre a situação. Acompanhe para saber mais!
Geração centralizada x geração distribuída
Atualmente a Bahia vem se destacando com uma potência significativa de projetos de geração centralizada. O estado possui 450MW de capacidade instalada, distribuídos em 16 parques em operação comercial, como Bom Jesus da Lapa, Tabocas do Brejo Velho e Itaguaçu. Existem projetos nos municípios de Juazeiro e Casa Nova, na região do vale do São Francisco.
Quando falamos de geração distribuída a participação da Bahia não é tão relevante no cenário nacional. Segundo informações da ANEEL compiladas até o final do ano de 2017, somente 4MW de geração distribuída estavam conectadas na Bahia, contrastando com os estados do sudeste e Sul que possuem uma penetração considerável dessa forma de geração.
Por que um estado com tamanho potencial solar tem uma penetração tão modesta da geração fotovoltaica distribuída?
Uma série de fatores pode explicar essa lentidão na difusão da geração distribuída. Acredito que a variável econômica é fundamental para a dificuldade de investimentos nessa área, já que os recursos de investimentos da geração distribuída são locais. Hoje o PIB per capita da Bahia é somente o 17° em relação aos estados da união.
Outro fator relevante é que historicamente a região do interior nordestino carece de investimentos públicos para fazer a roda econômica girar, fato esse que se tornou ainda mais limitado nos últimos anos em função da crise política e financeira do país. Evidentemente que a questão cultural e de acessibilidade ainda é um fator muito considerável para a difusão da tecnologia, um exemplo disso é que ainda há um número muito grande de domicílios sem acesso à energia elétrica no interior da Bahia. Somada a essa realidade, uma quantidade muito pequena de players da área de geração distribuída trabalham na região, o que também dificulta a penetração da informação.
Como alavancar a geração distribuída na Bahia?
Percebe-se um movimento muito forte no sentido de alavancar a geração distribuída na Bahia. Em Salvador, por exemplo, a prefeitura irá dar um desconto de 10% no IPTU para imóveis com energia solar. Essa é somente uma das diversas ações do projeto Salvador Cidade Sustentável. O estado da Bahia, também se organiza juntamente com a associação ABSOLAR para criar um programa estadual de apoio a geração fotovoltaica com diversas ações que também vão colaborar para a difusão da geração distribuída.
Uma dessas ações da ABSOLAR juntamente com as instituições financeiras públicas é a articulação de um financiamento para a pessoa física e jurídica com taxas de juros atrativas e prazos de até 12 anos para pagamento. No total serão investidos mais de 3,2 bilhões nas regiões Nordeste e Norte do Brasil.
O banco do Nordeste, que será o operador na Bahia, tradicionalmente apoia os projetos renováveis na região. Nesse sentido, o banco possui o Programa FNE SOL, um projeto que tem por objetivo financiar a mini e microgeração distribuída de energia solar no nordeste com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste.
E sobre a parte técnica dos projetos?
Falando da parte técnica, os projetos solares na Bahia são muito promissores. Várias regiões possuem irradiação solar acima da 6 horas de sol pico dia, o que realmente é um diferencial, já que conseguimos gerar uma grande quantidade de energia por m² de módulo fotovoltaico.
Além disso, a tarifa de energia na Bahia recentemente sofreu um reajuste significativo, fato esse que derrubou o payback dos projetos, principalmente nos comércios que pagam um valor mais alto e com uma tributação mais pesada. Realizamos simulações de projetos comerciais de médio porte em várias localidades da Bahia e em média o tempo de payback está em 40 meses.
Certamente, nesse cenário o financiamento com prazo maior que 72 meses se torna inteligente e a prestação cabe dentro da economia de energia. Essa conjuntura certamente irá acelerar o crescimento da energia solar e fazer o estado da Bahia em breve ser uma referência no cenário nacional de geração distribuída.
Analisando todos os dados levantados no Atlas Solar da Bahia, a conclusão que se chega após o estudo é que a Bahia possui o maior potencial de capacidade instalada de geração solar do Brasil. Portanto, investir em energia solar na Bahia é uma excelente opção.