Com a chegada do inverno, as baixas temperaturas e a diminuição do tempo de sol geram uma desconfiança sobre a operação do sistema de energia solar fotovoltaica. É evidente que o comportamento do sol durante o ano impacta na irradiação que chega na superfície e por consequência causa uma sazonalidade na produção de energia, que varia de região por região. No entanto, os softwares de projetos fotovoltaicos possuem ferramentas robustas que garantem uma grande precisão de projeções levando em consideração a disponibilidade de recurso solar na região, a localização do sistema e o impacto de eventuais sombreamentos.
É evidente que os recursos solares disponíveis em softwares possuem dados de estações conhecidas e extrapolam esses dados para a coordenada do projeto, essa diferença causa variações que podem ser grandes conforme as variáveis climáticas de um determinado período, no entanto, na média anual a diferença de variações climáticas é praticamente desprezível, e se olhar o horizonte de 2 ou 3 anos a variação diminui ainda mais, trazendo uma segurança entre projeção e geração efetiva ao longo dos anos.
No inverno, o sol está mais distante da Terra, principalmente em locais mais distantes da linha do Equador, nesse caso a incidência de irradiação solar direta diminui consideravelmente, portanto, naturalmente temos uma diminuição efetiva da geração.
No entanto, o inverno possui temperaturas menores, o que acarreta numa diminuição de perdas nos módulos fotovoltaicas por temperatura. Esse tipo de perda é a maior perda efetiva durante a operação de um sistema fotovoltaico, nesse caso, essa parcela faz com que os módulos fotovoltaicos performem melhor em baixas temperaturas.
Para ilustrar tudo isso, trouxemos o desempenho dos últimos 2 meses de três usinas de energia solar, uma na região Sul, outra no Centro-oeste e outra no Nordeste. Esse comparativo de projeto e realizado, mostra um pouco como é a performance dos sistemas em diferentes localidades durante o inverno.
A análise de irradiação solar mostra que na região sul, de maneira geral, temos uma redução expressiva nos meses do inverno, já nas regiões do Centro-Oeste e Nordeste, essa diferença é pequena ou, até mesmo, não existe. É evidente que esses são exemplos de determinadas localidades e isso pode variar bastante dentro de uma região, mas em resumo, temos uma visão do impacto do inverno na irradiação solar.
Ademais, esses índices de irradiação solar impactam no dimensionamento do projeto, logo, um projeto no Sul precisa de maior potência para conseguir produzir o mesmo resultado de geração de um projeto no Nordeste, por exemplo.
Outro ponto importante a se reforçar e que a prática de acompanhamento de projetos realizados nos mostra, é que mesmo tendo uma base estatística por trás dos dados de recurso solar utilizados no software, temos uma variável de imprecisão que deve ser considerada. Essa incerteza de recurso solar é maior na região sul, principalmente porque as condições climáticas são muito variáveis, principalmente no inverno. No entanto, mesmo tendo discrepâncias mensais maiores que 20%, no geral, a variação anual é de +- 10%.
Considerando os dados reais de instalações pode-se perceber que rentabilidade de um sistema de energia solar é pouco afetada pelo inverno, principalmente porque os projetos são dimensionados para suprir uma possível diminuição de geração com créditos dos períodos do verão. Além disso, é possível perceber o recurso solar variar mês a mês, e os dados de software apresentam um nível de incerteza, no geral essa incerteza diminui, mas ela é sempre maior nos projetos da região Sul.
Outro ponto importante a se destacar é que os sistemas apresentam menores perdas, com relação a temperatura dos módulos, no inverno, além disso, como as tarifas de energia elétrica variam de preço conforme a região, há casos que o prazo do retorno do investimento de um projeto no Sul seja inferior a de um projeto no Nordeste, mesmo que esse projeto seja maior. Dessa forma, conclui-se que o inverno é muito mais um mito do que um fator prejudicial para a energia solar.