O que esperar do mercado de geração distribuída para 2021

O que esperar do mercado de geração distribuída para 2021

O ano de 2021 se inicia e a expectativa sobre o que vai acontecer com o mercado de energia solar é muito grande. Trabalho na área desde 2014 e todo ano que se inicia deposito muito otimismo com relação ao mercado e ao seu crescimento, mas devo confessar que minhas expectativas sempre ficam abaixo do que realmente se concretiza. Esse, de certa forma, é um problema que nós que trabalhamos no setor temos que conviver, mesmo durante a pandemia a energia solar distribuída continuou crescendo e mostrando que a força tecnológica pressionados por uma das tarifas mais caras do mundo faz com que a difusão da energia solar aconteça de maneira orgânica e rápida.

O efeito do crescimento do mercado está diretamente associado ao surgimento de novas empresas e geração de mais empregos no setor. Estima-se que o mercado movimentou mais de 13 bilhões em 2020, aproximadamente 70% acima de 2019. Foram gerados mais de 86 mil empregos e criadas mais de 450 empresas por mês para trabalhar com energia solar, segundo dados da ABSOLAR.

Essa força de crescimento mostra a importância desse setor na nossa economia. Para se ter uma ideia, hoje se discute o fechamento da fábrica da FORD do Brasil com aproximadamente a perda de 5 mil empregos diretos. Somente o setor solar em 2020 foi responsável por mais de 15 fábricas da FORD. Seguindo essa tendência de geração de empregos o setor solar pode colocar 20 fábricas gigantes no Brasil em 2021, uma verdadeira revolução considerando que o impacto ambiental dessa atividade é infinitamente menor.

Embora tenhamos um mercado agitado e em pleno crescimento, aqui no Brasil menos de 10% das empresas de energia solar tem mais de 4 anos na ativa, isso revela ainda muita oportunidade de aprendizado e amadurecimento, fato que leva a crer numa melhora sistêmica dos projetos e das soluções ao longo do próximo ano.

Considerando o crescimento expressivo dos últimos anos a energia solar chegou no Brasil a marca de 7,5GW entre usinas centralizadas e distribuídas, esse número é expressivo quando olhamos a evolução dentro do próprio país, mas é muito pequeno quando comparamos com países em que a energia solar está mais avançada, por exemplo, nos EUA em 2020 foram instalados mais de 19GW, ou seja, aproximadamente 3x o que instalamos desde 2012 e 5x o que instalamos no mesmo período. Esse número mostra o quanto ainda o mercado nacional é incipiente e temos muito o que explorar.

Diante de um cenário tecnológico e de amadurecimento da energia solar é possível afirmar que teremos um ano de novas grandes marcas e de expansão, no entanto, ainda estamos mergulhados num cenário pandêmico e temos alguns obstáculos a superar para que efetivamente tenhamos o crescimento esperado. Abaixo listo alguma das principais dificuldades que teremos no ano de 2021:

  • Situação econômica debilitada, afastando investimentos por segmentos da nossa economia que foram mais atingidos pela pandemia, como por exemplo, segmento de hotelaria, turismo, restaurantes, etc;
  • Variação cambial e desvalorização do real são um grande desafio para estabilidade do preço dos projetos de energia solar;
  • Aumento no preço de alguns commodities acabam afetando o preço, principalmente módulos fotovoltaicos e estruturas de fixação, tornando o projeto mais caro;
  • Uma eventual mudança no modelo de compensação com a criação de taxação travaria o setor e tornaria o ambiente da geração distribuída inseguro para novos investimentos.

 

Mesmo tendo obstáculos, temos um ambiente de negócios favorável e oportunidades que podem alavancar ainda mais nossas projeções. Abaixo cito algumas dessas possibilidades:

  • Aumento na conta de energia é uma tendência, principalmente devido a crise hídrica e aos prejuízos que as distribuidoras tiveram durante a pandemia;
  • Grandes players da iniciativa privada e órgãos públicos estão apostando na energia solar, trazendo mais oportunidades para o setor;
  • Acessibilidade de linhas de crédito e taxas de juros baixas devem fomentar ainda mais o mercado, já que a maioria das operações são através do financiamento inteligente;
  • A difusão do conhecimento continua acelerada, cada vez mais, artigos, reportagens, documentários revelam a importância de gerar a própria energia, tornando a solução cada vez mais conhecida e aceita pelo brasileiro;
  • Caso haja a aprovação de uma Lei de Geração Distribuída com um critério de compensação justo, teremos a tão sonhada segurança jurídica, o que pode alavancar ainda mais os negócios.

 

Diante de tantas incertezas é difícil prever de quanto será o crescimento em 2021, o que eu posso afirmar é que o mercado crescerá e que esse será o melhor ano da energia solar!

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