Provavelmente, a sua casa é abastecida por energia proveniente de hidrelétrica. Acertamos? Isso se deve ao fato de 90% da geração em nosso país ser dessa fonte. Movida pelas usinas, essa é uma fonte de energia renovável, não poluente, mas que conta com altas cargas tributárias e muita dependência climática.
Quer aprender mais sobre o setor elétrico brasileiro? Então, continue com a gente! Vamos explicar qual é o contexto atual desse setor, por que esse ramo deve receber investimentos, como a pandemia de Covid-19 o impactou, o que tem sido feito para fortalecer esse setor e os principais desafios a serem enfrentados. Não perca!
Como é o contexto atual do setor elétrico?
O setor elétrico brasileiro passou a existir no final do século XIX, mais precisamente, no ano de 1880, acompanhando o início do uso da eletricidade em outros países. No começo, a energia elétrica era fornecida por poucas empresas, locais e independentes.
Até que, em 1899, chegou ao Brasil o grupo Light, criado por brasileiros residentes em Toronto, no Canadá, e atuante até hoje no estado do Rio de Janeiro. Essa companhia comprou todas essas empresas locais e formou um monopólio privado.
Tal monopólio foi quebrado em 1927, com a chegada do grupo americano Amforp. Em um acordo, Light passou a atuar predominantemente no eixo Rio-São Paulo, enquanto o Amforp concentrou suas atividades em regiões do interior do país.
A entrada dessas empresas no Brasil foi extremamente importante para o desenvolvimento do segmento. Para se ter uma ideia, a capacidade do setor elétrico brasileiro aumentou mais de 60% após a chegada do grupo Light ao país.
Ao longo dos governos do presidente Getúlio Vargas, a atuação do Estado foi reformulada e, com isso, a exploração da energia hidrelétrica deixou de ser competência dos municípios, passando a ficar sob a responsabilidade da União. Outra importante mudança envolveu o surgimento de companhias elétricas estatais. A primeira, Chesf, foi criada em 1945, e atendia a região nordeste do país.
Evolução
Ao longo do tempo, as empresas de energia elétrica instaladas no país apresentaram problemas financeiros e, com isso, mais estatais foram criadas. Em 1962, ocorreu um enorme marco no setor de energia elétrica brasileiro: a criação da holding de empresas estatais federais de energia elétrica Eletrobras.
Após isso, a capacidade da energia elétrica aumentou absurdamente. Estima-se que houve, em média, um crescimento de 327% em relação ao período anterior. Isso ocorreu graças à diversas ações da companhia, como a construção de uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo, a Itaipu binacional, localizada em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná.
Porém, a partir da década de 1980, o setor de energia elétrica brasileiro entrou em crise, pois, devido aos choques do petróleo, a possibilidade de buscar empréstimos no exterior ficou cada vez mais reduzida. Com isso, na década de 1990, a Eletrobras sofreu um grave processo de inadimplência, que tinha como única solução uma reforma radical.
Reestruturação
Essa reforma se deu com a criação da Lei n° 8631/93, que passou a fixar os níveis das tarifas de energia elétrica e reestruturou todo o setor elétrico internamente. A concessão dos serviços energéticos passou a ocorrer por meio de licitação, e algumas empresas controladas pela Eletrobras, como a pioneira Light e a CERJ, foram privatizadas.
Na verdade, a venda de empresas estatais do ramo foi motivada pelo chamado “apagão”, ocorrido em 2001 por todo Brasil. Uma das provas de que esse racionamento foi o estopim de toda a crise energética é o crescimento do setor elétrico entre os anos de 1992 e 2002, de 36%.
Contexto atual
A crise energética perpetua. Atualmente, um dos motivos de ela se manter está na criação da dívida pelo governo federal chamada de risco hidrológico. Trata-se da alta quantia despendida para realizar a manutenção dos geradores das usinas hidrelétricas, que foram prejudicados por condições adversas.
O valor da dívida é de aproximadamente R$10 bilhões e está em trâmite desde a crise de recursos hídricos que afetou o Brasil no período entre 2014 e 2015. As privatizações contribuíram bastante para que o setor amenizasse o tamanho problema.
Mesmo assim, atualmente, o setor elétrico brasileiro apresenta sinais de desgaste, e precisa de uma intensa reestruturação. Veja, abaixo, algumas medidas que deveriam ser tomadas para que o setor elétrico melhore a sua conjuntura atual:
- mais privatizações: um aumento da participação privada nos investimentos financeiros e na prestação de serviços contribuiria bastante para a reversão do quadro fiscal deficitário no setor;
- redução de encargos cobrados ao consumidor: os tributos da fonte de energia elétrica são altíssimos, representando mais de 50% dos valores das contas de luz. Isso torna o investimento no setor uma questão problemática, principalmente, em um país pobre como o Brasil;
- adequações na matriz de geração: uma reestruturação nas matrizes seria de grande serventia para propiciar a redução do preço do serviço de energia elétrica;
- independência de concessionárias locais: a utilização de fontes de energia alternativa, como a solar, que depende apenas do painel para gerar energia, é uma excelente opção para a redução dos gastos. Porém, não é necessário reestruturar todo o sistema energético. Realizar uma combinação entre as duas fontes de energia já é o suficiente.
Apesar de tais medidas ainda não estarem sendo postas em prática na intensidade que se deveria, existem outras ações que estão sendo implantadas e vêm melhorando a situação atual do setor de energia elétrica brasileiro. Uma delas foi a criação da consulta pública n° 33/2017, que instituiu uma menor participação dos recursos hídricos na geração da energia elétrica e uma maior complementação térmica junto à outras fontes de energias renováveis.
Houve, também, a criação do Projeto de Lei n° 232/2016, que prevê a ampliação do mercado livre, estabelece novas regras para o segmento energético e implanta diversas melhorias na comercialização da fonte de energia. Ele ajudar a tornar o futuro da energia solar promissor.
Por fim, graças aos avanços tecnológicos, temos a Transformação Digital, que possibilitou o surgimento de fontes alternativas de geração de energia elétrica, visando, principalmente, à preservação do meio ambiente.
Com isso, o panorama atual do setor elétrico brasileiro envolve desgastes que têm origem em problemas passados diversos, mas com tímidas iniciativas que podem revolucionar a geração de energia elétrica em longo prazo.
Setor elétrico: vale a pena investir nesse ramo?
Após a leitura sobre a origem do setor elétrico no Brasil, aposto que você deduziu que o sistema de energia elétrica brasileiro já foi considerado um dos melhores do mundo, não é? É isso mesmo! Porém, além dos desgastes acima mencionados, o segmento está defasado, também, por outra questão: a dependência em relação às usinas hidrelétricas.
Essas imensas usinas funcionam somente quando os níveis de água dos reservatórios estão em determinado patamar. O problema é que, com as mudanças climáticas que o mundo vem passando nos últimos tempos, oriundas dos maus impactos ao meio ambiente, os níveis das chuvas estão cada vez mais baixos e, por sua vez, os rios estão mais secos.
Como o Brasil é um país praticamente dependente da energia elétrica, o sistema se torna sobrecarregado. Dessa forma, uma excelente saída para a diminuição dessa dependência está na complementação de fontes energéticas com origem em recursos renováveis.
Energia alternativa
Mas, o que são as fontes de energia renováveis? São as originárias de matérias inesgotáveis no planeta, que têm alta capacidade de regeneração. Também são chamadas de fontes de energia limpas, pois emitem pouco ou nenhum resíduo tóxico ao meio ambiente. O melhor de tudo: o Brasil é um país que conta com uma grande quantidade desses recursos.
Porém, apesar da grande oferta de bens naturais, nosso país também tem grandes dificuldades burocráticas. A extração desses bens naturais para a geração de energia é limitada pelo excesso de intervenção do governo nas decisões referentes ao assunto, pelos problemas de regulação, pela monopolização das empresas do ramo e pelos problemas relacionados às questões jurídicas.
Portanto, a desburocratização dos entraves que envolvem a extração dos bens naturais é urgente e necessária para que a complementação entre as fontes energéticas seja feita. Dessa forma, valerá a pena um maior investimento no ramo da energia hidrelétrica porque, apesar da defasagem, ainda é uma excelente opção.
Quer saber mais sobre os diferenciais e os ganhos em se investir na fonte de energia elétrica? Então, continue com a gente!
Os diferenciais do sistema elétrico brasileiro
Que o Brasil é um país rico em bens naturais, você já sabe. Agora, você sabe como essa riqueza se torna um diferencial na hora de se investir no sistema de energia elétrica? Veja, agora mesmo, os principais diferenciais do sistema elétrico brasileiro:
- geografia diferenciada: o relevo brasileiro contribui bastante para a formação de usinas hidrelétricas. São diversos rios de planalto que percorrem grandes distâncias, até desaguarem no oceano. Além disso, o território brasileiro é bastante vasto, facilitando a capacidade de armazenagem;
- grande capacidade de represar águas dos rios: entre os países que também apresentam grandes recursos hídricos, o Brasil é o que sai na frente dos demais. Isso é um grande diferencial porque, dessa forma, é possível utilizar a água armazenada em períodos de estiagem para gerar energia elétrica;
- clima favorável: o país é predominantemente temperado, e isso permite que os ciclos de chuva sejam feitos com mais rapidez e, dessa forma, abasteçam os reservatórios com mais facilidade. Mesmo com as crises de recursos hídricos enfrentadas nos últimos anos, o Brasil ainda se diferencia de outros países nesse quesito.
Logo, o grande diferencial do Brasil frente aos outros países diz respeito aos recursos naturais. Porém, nosso país peca com as questões burocráticas. Caso elas sejam reavaliadas e haja alguma reestruturação daqui para a frente, temos tudo para ser o melhor país em questões de fornecimento de energia de fontes renováveis.
Os ganhos de se investir no ramo da energia elétrica
O investimento no setor de energia elétrica pode ocorrer de diversas formas, e uma das mais rentáveis é por meio da compra de ações. Mesmo com o setor defasado, participar dos lucros de empresas do ramo energético ainda é um excelente investimento.
Primeiramente, por conta do elevado número de opções. Depois, pela essencialidade do serviço que, de certa forma, acaba trazendo estabilidade para esse mercado e protege as carteiras de investimento nos tempos de crise. Assim, sempre haverá companhias do ramo energético em alta para o realizar o investimento.
Entre as empresas do ramo cotadas para o investimento em ações, a gigante Eletrobras ainda é a melhor para se investir. Isso ocorre, principalmente, por conta das tentativas de privatização, que a coloca em uma posição de abertura de lucros frente ao mercado.
Inclusive, uma dica para os investidores é buscar investir nas ações de empresas que estão sendo privatizadas. Veja, abaixo, mais algumas organizações do setor que são propícias para o investimento em ações:
- Light: com a razão social de “Light Serviços de Eletricidade S/A”, a empresa de capital aberto atua predominantemente no estado do Rio de Janeiro;
- Energisa: empresa responsável pela geração de energia nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil;
- Cemig: companhia energética do estado de Minas Gerais. Tem o controle de 25% das ações da Light;
- Neoenergia: sua sede está localizada no Rio de Janeiro, mas a empresa atua em outros estados, como Rio Grande do Norte, Pernambuco e São Paulo;
- Equatorial Energia: com sede em Brasília, serve às áreas do Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas;
- CPFL Energia: com sede em Campinas, a empresa atende aos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Outra importante dica para os futuros investidores de ações do ramo da energia elétrica é estar sempre atento aos noticiários sobre as fusões empresariais e leilões. Qualquer um desses acontecimentos pode influenciar positivamente ou negativamente a compra das ações.
Em um contexto de pandemia, como foi o impacto?
A pandemia de Covid-19 afetou o mundo inteiro, em diversos quesitos, e no meio energético não foi diferente. Houve uma queda considerável e significativa dos lucros pelas empresas de energia elétrica. Estima-se que a perda no setor tenha sido de, pelo menos, R$6 bilhões.
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a redução global do crescimento no setor foi de, em média, 5% ao ano. Já no Brasil houve, inicialmente, uma queda de 8% no segundo trimestre de 2020, evoluindo para apenas 0,2% no quarto bimestre do mesmo ano. Porém, mesmo com essa evolução, o cenário do setor elétrico brasileiro atual é de retomada lenta.
Um dos pontos cruciais para a ocorrência de tamanha diminuição foi a impactante, mas necessária, proibição do corte de energia dos consumidores de baixa renda durante o estado de calamidade, em casos de atrasos com menos de 90 dias. Embora necessária diante de um momento social de muita fragilidade, como a pandemia, foi uma medida prejudicial às finanças do setor energético.
Além das reduções de crescimento do setor, outros impactos da Covid-19 no setor elétrico brasileiro foram: menor consumo de energia, queda na arrecadação financeira das empresas distribuidoras de energia e maior renegociação de contratos, causando instabilidade nos projetos para o ano de 2020.
Para sanar essa situação, o governo federal tomou uma série de medidas. Veja, agora mesmo, algumas delas:
- criação da “Conta Covid” no setor de energia, em um valor de R$14,8 bilhões;
- liberação de um valor de aproximadamente R$2 bilhões para ajudar no provimento das empresas distribuidoras de energia;
- aplicação, pelo Tesouro Nacional, de um valor de R$1 bilhão para suprir, de forma parcial, as contas de luz dos consumidores que estão inscritos no benefício Tarifa Social;
- postergação dos reajustes tarifários das empresas distribuidoras de energia por até 90 dias.
Por fim, os impactos da pandemia atingiram o setor energético de forma brusca e, provavelmente, os resquícios das ações tomadas para amenizar a situação ainda serão percebidos nos próximos anos. Porém, de uma forma geral, o setor elétrico brasileiro vem retomando suas atividades de forma bastante positiva.
Quais são os principais desafios a serem enfrentados?
O estabelecimento de desafios é natural em qualquer setor econômico. Porém, para um ramo defasado, como o de energia elétrica, eles são ainda maiores, especialmente, no cenário pós-pandemia. Dê uma olhada, abaixo, nos principais desafios a serem enfrentados pelo setor de energia elétrica nos próximos anos.
Declínio de intervenção governamental
Como vimos no início do post, em determinado período da jornada da energia elétrica no Brasil, as companhias energéticas foram estatizadas. Na época, a solução foi adequada devido ao momento político e econômico vivido pelo país e pelo mundo. Porém, atualmente, com todos os problemas burocráticos que o setor está vivenciando, a melhor medida seria a redução das intervenções do governo.
A melhor forma de chegar a esse resultado é por meio da privatização. Por conta disso, as principais estatais do ramo energético já estão nesse processo, por exemplo, a própria Eletrobras, maior empresa do setor no país, e outras também famosas, como a Cemig, de Minas de Gerais, a Copel, do Paraná, e a Celesc, de Santa Catarina.
Fim da monopolização
Até a década de 1990, o monopólio das empresas de energia elétrica era bem maior, o que significa que houve uma considerável evolução nos últimos anos. Porém, esse ainda é um problema hoje em dia, principalmente, no que diz respeito ao monopólio natural.
Para que o setor elétrico brasileiro possa evoluir, é preciso que cada empresa do ramo tenha o devido acesso aos bens necessários para sua atuação, sem que uma tenha prioridade sobre a outra. Se é para haver prioridade, que seja nas necessidades de cada região.
Marcos regulatórios
Recentemente, foi aprovado um novo marco regulatório para o setor elétrico. Trata-se do Projeto de Lei n° 232/2016, que abre um caminho para o mercado livre de energia, permitindo a portabilidade da conta de luz entre as empresas distribuidoras. Ou seja, o usuário da energia elétrica poderá escolher os seus fornecedores.
Medidas inovadoras como essa são essenciais para que haja a reestruturação necessária no setor. Além disso, permite que o ramo fique menos engessado, possibilitando a diminuição da burocracia que tanto trava o mercado elétrico.
Diminuição da carga tributária
Esse é um desafio mais do que essencial para o momento vivido no ramo da energia elétrica. As cargas tributárias são o fator mais desmoralizante dessa fonte energética. Para que essa redução aconteça, é preciso que haja uma diminuição gradativa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com essa medida, os tributos da conta de luz podem diminuir até 12% em um ano.
Outra medida que acarreta a redução nas contas de luz, pelo menos de forma indireta, é a combinação entre fontes de energia. A energia solar, por exemplo, tem uma carga tributária 90% menor do que a energia elétrica. Utilizar os dois de forma alternada é uma maneira de gastar menos a energia proveniente das usinas hidrelétricas e, por sua vez, reduzir os gastos com a tributação.
Impactos da pandemia de Covid-19
Como visto anteriormente, o governo federal aplicou um grande montante financeiro para amenizar os impactos que a pandemia do novo coronavírus poderia causar no setor elétrico.
Com isso, o grande desafio será recuperar o valor despendido e, também o que foi perdido com a situação de calamidade. O cenário do setor elétrico brasileiro nos próximos anos será preocupante no que diz respeito às questões financeiras.
Portanto, a defasagem do setor elétrico brasileiro pode ser amenizada com a redução do excesso de burocracia e a complementação dessa fonte energética com outras, de preferência, renováveis. Para que esse mercado se torne ainda mais eficiente, o importante é focar a geração de empregos, o crescimento do setor e o aumento e a diversificação dos investimentos.
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